quinta-feira, 29 de outubro de 2009

MAS, POR FALAR EM DINHEIRO PARA A EDUCAÇÃO...

É interessante fazer uma rápida análise acerca dos investimentos em Educação no nosso país nas últimas décadas. Se formos observar com cuidado veremos que eles são reais. Foi investido em estrutura física, as escolas receberam muitos recursos, entre estes até computadores com internet, as instituições têm autonomia para gastar verbas no que for necessidade, em algumas escolas (quando a gestão trabalha corretamente) não falta material para o trabalho didático e pedagógico. Há investimentos em muitos setores, desde o administrativo ao pedagógico dos quais há uma década não existiam. É possível até verificar que houve investimentos em formação, já que muitos professores (os de Apodi são exemplos disso) adquiriram uma formação superior por meio dos programas que foram criados com esse objetivo.
No entanto, há muitas ressalvas a se fazer, tanto na questão do investimento quanto nos resultados que a ação de educar na escola tem demonstrado, não somente em números, mas também pela observação dos próprios educadores. No que concerne ao investimento lembra-se: AINDA ESTÁ FALTANDO UMA POLÍTICA DE AÇÃO REAL SOBRE A REMUNERAÇÃO DOS QUE TRABALHAM EM EDUCAÇÃO (os professores). E no que diz respeito aos resultados, que talvez tenha relação com esta remuneração, mesmo que não seja aplicável a todos, acredita-se que falta mudança de atitude pedagógica capaz de atingir o cerne do problema de desmotivação que reina tanto em professores quanto em alunos. Na verdade, acho que estamos no tempo em que vivenciamos, na maioria dos casos uma realidade não adequada à escola, mas citada pelo tão admirável educador Paulo Freire: "o professor finge que ensina, o aluno finge que aprende". O fim disto são os números e índices educacionais diminuídos, mas o pior de todos os fins é a realidade social que se estabelce a partir disso.
Sem uma educação de qualidade nossas crianças, jovens e adultos iniciam a vida do vício, da crminilidade e da entorpecência muito mais cedo, pela falta de perspectiva de dignidade e pela vulnerabilidade que é determinada na falta de educação. Em poucos anos cresceu o número de atos violentos, de jovens que usam drogas, de meninos e meninas que matam e morrem no nosso país. Tudo isso pela falta de uma política séria de educação que prepare esses jovens para viverem o direito ao trabalho e à vida digna.
É bem verdade que alguns educadores trabalham, mesmo sem ter incentivos financeiros que os motivem e até porque a maioria vive os mesmos conflitos financeiros dos seus alunos, se esforçam para fazer da sua sala de aula um campo de estudo e de formação do cidadão. Mas, há outros que não contribuem para isso, simplesmente se acomodaram na esperança de um dia receberem os tão sonhados incentivos. Enquanto isso ocorre, todos nós somos afetados com a realidade social que nos é imposta pela falta de qualidade na educação.
O que podemos analisar é que até agora, um pouco da estrutura física das escolas foi melhorada, os investimentos na formação do professor também, mas pouca coisa disso chegou à sala de aula e, principalmente não atingiu o cerne da questão: a motivação do aluno e do professor para buscar melhores resultados no conhecimento adquirido. Continuamos vivendo aquilo que chamo de "crise da ignorância".


Mônica Freitas

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