sexta-feira, 13 de novembro de 2009

POETANDO NO DIA DE LUTA EM PROL DA LAGOA


14 DE NOVEMBRO DE 2003: Primeiro Movimento em prol da preservação



IMAGEM DA LAGOA DO APODI NOS DIAS ATUAIS: A luta em prol da preservação continua

LAMENTO POTY

Numa desas tardes vagas que a gente põe-se a pensar
caminhei até às margem de um oásis potiguar
pra ver lá o pôr-do-sol desse recanto poty:
uma imagem sempre bela  da lagoa do Apodi,
mas ouvi gritos e ecos da lagoa a me pedir:

___ Sei que estás a contemplar minha beleza serena,
mas quero te implorar por piedade divina
Escute-me, preste-me a atenção!
Olhe para o meu estado e veja se há condição
de deslumbrar seu olhar e causar-lhe inspiração?


___ Esou seca, soterrada, esgotada e depenada
Como inocente em prisão, pergunto-me:
Qual foi o crime que me deu condenação?

___ Fui personagem marcante da história de Apodi
que às minhas margesn surgiu com o nome de Poty
Sinto saudades do povo que ora viveu aqui,
dos nativos que banhei, alimentei e criei
Eles sim! sabiam retribuir.

___ Minhas águas já banharam muitos que aqui cresceram
Meus peixes alimentaram a todos que aqui nasceram
Meu pôr-do-sol deslumbrante, quem viu pôde contemplar
Era uma rara beleza, fui princesa do lugar

___ Hoje, vivo a chorar, mergulhada em desespero.
As substâncias  malignas derramadas no meu leito
maltratam-me, ferem o peito e cravam o meu coração,
já não posso mais servir à minha população.

___ Sinto vergonha do cheiro que as minhas águas exalam
logo na porta de entrada e os que passam o inalam.
Cada dia vou morrendo e perdendo a felicidade,
Peço socorro urgente! Por que tanta crueldade?

Ao ouvir esse lamento me senti envergonhada.
As lágrimas rolaram e se misturaram às águas da lagoa em aflição
Aquele lamento triste tocou o meu coração.
Por muito tempo guardei aquela imagem sagrada
da lagoa do Apodi chorando envenenada.

Agora transformo em versos integrantes de canções
que despertam corações e chamam as atenções
Que dizem que a natureza é viva sorri e dança
quando trocamos com ela a alegria que alcança.

Mas, quando não amamos, ela entristece e chora.
Pode ate não ser ouvida por aqueles que não sentem
que o amor traça a história dos que zelam pela vida
e encontram em simples versos a maneira mais sutil
de lutar pela pureza de um ariqueza perdida.

Mônica Freitas 


Este poema foi escrito na época do primeiro movimento em prol da preservação da Lagoa. Parte dele foi recitada por mim e apresentada no Programa do poeta popular Geraldo Amâncio que esteve aqui com a TV Diario (que não existe mais) na noite de 14 de novembro de 2003.




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