sexta-feira, 23 de abril de 2010

EDUCAÇÃO E QUALIDADE DE ENSINO: QUEM É RESPINSÁVEL POR NUMA NAÇÃO?

Estamos num momento em que abre-se um leque extenso de discussões acerca da educação como o fator mais importante para o desenvolvimento de uma nação. No brasil, os debates teóricos e o planejamento de políticas públicas, desde o final da década de 90 têm se intensificado, embora muitas ações ainda estejam limitadas à distribuição de recursos e equipamentos para o funcionamento dos estabelecimentos de ensino. Falta, e esta é uma afirmação nacional, uma política séria de valorização à profissão de educador, o que acredita-se ser o passo imprescindível, no momento, para a consolidação da qualidade do ensino e da formação oferecida aos nossos alunos.

Sabe-se que quanto a isso já existe uma política, a Lei de implantação do piso nacional dos salários dos professores, porém são postas muitas dificuldades, tanto por prefeitos dos municípios quanto por governadores dos estados brasileiros para a ijmplantação deste,pois estão sempre argumentando que não há como pagar tal valor aos professores. O valor do piso em 2009 era de 950,00 , o qual foi reajustado em 2010 para R$ 1.132,40. A questão é que na maioria dos municípios e em alguns estados  nem o piso de R$ 950,00 foi implantado.

Isso gera revolta nos educadores que ao invés de estarem nas salas de aula praticando ações para o ensino-aprendizagem estão nas ruas lutando pelos seus direitos já constuídos. Um exemplo disso é o município de Fortaleza que há dias deixa marcada em sua história mais uma greve geral de professores. O movimento comporta protestos, passeatas e caminhadas contra os prefeitos que ainda não tiveram o compromisso de implantar nos salários dos professores o valor do piso nacional. 
Através de um comentário postado por uma das pessoas que apoiam o movimento indicando seu blog como fonte de informação do movimento no Ceará, tomei conhecimento dos acontecimentos em Fortaleza. O comentário foi postado pelo poeta, dramaturgo, cineasta e advogado especialista em Direito Constitucional Valdecy Alves, que por meio de seu blog divulga informações e deixa evidente seu apoio às lutas pelas causas da educação e dos educadores. 

Foi neste blog que tamnbém tive a oportunidade de ler um poema de Valdecy Alves e achei muito interressante.opoema é uma paródia do tão conhecido "Soneto de Fidelidade" do grande e inesquecível Vinícius de Moraes. Para construir tal paródia, Valdecy se desculpa ao poeta saudoso dizendo: 

Que me perdoe o grande poeta Vinicius de Moraes, a grande ousadia, de a partir de famoso soneto seu, de escrever o SONETO DA INFIDELIDADE dos prefeitos aos professores, dos prefeitos infieis à valorização dos profissionais da educação, dos prefeitos infieis à educação de qualidade. 

Eis o soneto:


A todo professor sou desatento
Sempre, com zelo tal e tanto e tanto
Pois educar é o meu desencanto
Extinguir professor: meu pensamento!

Perseguirei a cada vão momento
Esteja onde estiver, qual seja o canto
Levarei cada um ao pior do pranto
Ao pior pesar, nenhum contentamento!

E assim mais tarde, quando me procure
Atrás do piso, dor de quem ensina
Da valorização que vou negar-te!

Do FUNDEB direi quanto à propina
Desvio não o total, posto que é parte
De toda corrupção, que sempre dure!


Comungo com a ideia de Valdecy questionando o seguinte: 
Como é que professores mal pagos, revoltados e inseridos dentro de um grupo profissional desvalorizado podem prestar serviço de boa qualidade? 

Os corruptos que se distorçam para responder, porque sei que os professores do Brasil têm todas as respostas na ponta da língua.

Mônica Freitas



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