sexta-feira, 11 de março de 2011

LEITURA NA ESCOLA

ALUNOS DA E. E. PROFESSORA ALVANI DE FREITAS DIAS NUMA AULA DE LEITURA


Por muito tempo a leitura na escola assumiu um caráter puramente distinto daquele que é realmente aplicado quando pegamos um livro ou qualquer outro material escrito para nele encontrarmos algo de nosso interesse ou simplesmente que nos dê prazer. 

As situações de leitura mais aplicáveis na sala de aula - digo isto a partir de experiências vivenciadas por mim enquanto aluna - tinham objetivos muito mais voltados para extração de exercícios gramaticais do que para o exercício da verdadeira leitura. 

Esta característica da pedagogia de leitura, segundo autores como Ezequiel Teodoro Silva, Ângela Kleiman e outros que defendem um ensino de que realmente trabalhe a formação do gosto pela leitura afirmam categoricamente que nesse caso não é o ato de ler que está sendo desenvolvido, mas a simples pedagogia do ensino da gramática tradicional. 

Outro detalhe apontado, especificamente por Kleiman, é que quando, enquanto professores de língua materna nos preocupamos mais com esse tipo de ensino do que com a efetivação da prática real de leitura, estamos contribuindo para que o aluno crie aversão ao ato de ler. 

O ideal é didatizar as aulas de leitura para que nelas possam ser realizadas "leitura" de forma espontânea, onde o aluno possa fazer suas  escolhas de leitura, suas interpretações, suas predições, discutir com os colegas sobre o texto e a mensagem que ele passa sem a pressão das listas de perguntas e questionários que são feitos pelo professor tentando transmitir ao aluno um sentido textual tido como único, verdadeiro e que muitas  vezes nem está mesmo dentro das intenções do autor.

As leituras que realizamos espontaneamente também nos ensinam, além de aguçar o prazer de ler. Mas, infelizmente, para o professor trabalhar nesse sentido é preciso que ele já tenha no seu íntimo esse prazer de ler formado. Para trabalhar o gosto pela leitura, diz Kleiman "o professor tem que se mostrar apaixonado por leitura". Muitas vezes isso não acontece com nós professores porque as únicas leituras que fazemos estão relacionadas com as atividades didáticas de sala de aula. E se for assim, este tipo de leitura não é o caminho mais adequado para o prazer de ler.

Aluna concentrada em sua leitura

Este ano, após sair da gestão de uma das escolas de Apodi e de ingressar novamente ao espaço da sala de aula, tenho me dedicado a trabalhar o prazer pela leitura. Estou trabalhando projetos que enfatizam a leitura de poemas, contos, crônicas e histórias que têm base nas narrativas orais. Os primeiros resultados começam a aparecer quando é possível observar os alunos concentrados lendo as histórias que foram escolhidas poe eles mesmos, sem nenhuma pressão ou imposição. É assim que estou tentando trabalhar neles a construção do prazer pela leitura. 

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